Koisuru Boukun

Estou de volta ^^

Bem, mais ou menos. Não sei quanto o meu regresso vai durar, de qualquer forma, prometo postagens decentes. Nada como começar com mais uma resenha, de um yaoi um nadinha mais pesado dos que eu estou acostumada a ler e do que os que eu tenho resenhado, e que sinceramente me cativou muito mais do que eu esperava - aliás, apercebi-me recentemente de que tenho começado a devorar os mangás mais depressa que os animes. Esta resenha será apenas do mangá, cuja tradução pode ser "O tirano que caiu no amor". Não vi o anime, embora imagine que tenha qualidade à sua maneira, mas digamos que a versão a preto e branco é linda e, apesar do começo ligeiramente nonsense, adquire um encanto muito próprio.

Começarei por falar dos 2 protagonistas e depois da história, sim?

Morinaga Tetsuhiro: Ele é assistente de laboratório do Tatsumi-senpai, pelo qual já confessou o seu amor e acabou rejeitado. Tem uma personalidade normalmente entusiasmada e doce, mas é frequente vê-lo desanimar ou mesmo assumir um lado mais sádico, que tanto pode ser perturbador como agradar às fãs de hard BL. O seu passado é mais profundo do que aparenta inicialmente, e com o passar do tempo, torna-se inegável que ele ama e faria tudo pelo seu senpai. Antes de começar a ler, eu teria jurado que ele tinha ar de uke, mas enganei-me completamente! :o

Tatsumi Souichi: Ele é considerado "tirano" por ter uma personalidade algo tsundere. Porém, mesmo que seja muito violento com Morinaga, tolera a presença e a amizade do seu kouhai, o que por si só denota alguma gentileza. Para piorar tudo, é homofóbico, detesta o facto do seu irmão ser gay e não sabe cantar. Haha, só quem leu o mangá entenderá essa parte ;) Valoriza a família e, apesar de ser lento a compreender os seus próprios sentimentos, com o tempo vai-se apaixonando pelo Morinaga e entende que ele não é apenas um tarado. Embora vá magoar constantemente os sentimentos do seme, também o consegue deixar imensamente feliz.

Então, cá vou eu falar da história e começar a comentar:

O começo não me poderia desagradar mais. Após Morinaga ter desabafado com um amigo sobre como o seu relacionamento com o senpai não estava a avançar nadinha, este amigo dá-lhe uma droga que ele deveria dar ao Tatsumi. Na verdade, Morinaga esconde-a. Mas quando os protagonistas decidem ir beber a casa do Morinaga e as bebidas acabam, o nosso seme sai para comprar mais, e o uke, já bêbado, bebe essa droga mal a encontra. Quais são as consequências? O Tatsumi-senpai acaba com o corpo excitado e incapaz de se mover, e claro que o seme se aproveita da situação, apesar do Tatsumi-san ter pedido insistentemente para parar.

Sei que muitas fãs de BL achariam essa uma grande estreia: nada como um lemon logo no primeiro capítulo e um uke que parece não estar a gostar de fazer sexo, mas está, apesar de ser homofóbico, né? Não. Seja yaoi, yuri ou hétero, relacionamentos abusivos enojam-me. Aliás, encontrei um post no blog fujoshi nonsense que traduz na perfeição o que eu penso, aqui vai o link» www Por outro lado, quase consigo entender o que passa na cabeça de muitas fujoshis, pois também passou pela minha, por muito detestável que seja: nós não queremos ver o Souichi a ser violado, mas lamentavelmente também não queremos que ele pare de protestar. É contraditório e muito injusto, porém... o começo funcionou.

Mas o que se seguiu por parte dos dois foi bem realista. Primeiro, na manhã em que acordam, o Tatsumi-senpai quer matar o Morinaga, este defende-se dizendo que ele é que não devia tê-lo provocado sabendo dos seus sentimentos (tretas, tretas), o uke diz que tinha confiado nele, pouco depois de o deixar sozinho o Morinaga começa a sentir remorsos e medo de enfrentar o que fez, e arrepende-se tanto... que vai embora por um quanto tempo. Não, o que estou a contar não são grandes spoilers, está tudo logo no primeiro volume. Além disso, é óbvio que o Morinaga volta, se não o yaoi não teria continuidade. Mas não é que eu realmente consegui sentir o sofrimento, arrependimento e receio das personagens logo desde do começo?

Para mim, este é um dos pontos mais fortes da história: A forma como os sentimentos ilustrados são intensos, palpáveis e flutuam tão fortemente até nós, tudo graças ao talento da Takanaga Hinako. Esses sentimentos lindamente ilustrados estão presentes ao longo dos 9 volumes, e são cada vez mais notórios, pois os próprios traços da autora vão de ótimos a perfeitos, e a história nunca perde o ritmo. Não há um único requadro que esteja fora do lugar.

É lindo ver como o Tatsumi-senpai, no começo tão irritável e incapaz de compreender como é que o Morinaga o amava tanto, vai cedendo ao amor dele, em todos os sentidos. Acho um bocado chatinho que ele seja denso quanto aos próprios sentimentos e que muitas vezes magoa o Morinaga-kun, mas também lhe traz muitas felicidades, e diz coisas que claramente ninguém diria se fosse "só amigo", então o nosso seme lá vai tolerando. Há momentos que são realmente assustadores e tensos, como um incêndio, ou quando duas personagens relacionadas com a família e o passado do Morinaga se reencontram... ups, não digo mais nada ;) Algumas situações são engraçadas ou hilárias, começando pelas reações explosivas do Souichi-kun e as suas reações anti-gays (e isto é a sério, ele parece não compreender os seus próprios sentimentos), as crises de melodrama do nosso seme e todos os momentos gerados por personagens que querem juntar os nossos dois protagonistas. Isto para não falar dos momentos mais fofinhos, em que o brilho é muitas vezes roubado pela família do Tatsumi-senpai.

Na verdade, um dos motivos pelos quais o Tatsumi-senpai foi beber a casa do Morinaga no começo da história prende-se com a família dele. O seu irmão mais novo é gay e praticamente fugiu para a califórnia para se casar com quem amava, já que lá o casamento gay tinha sido legalizado - ouvi até dizer que esses dois são o foco de um outro mangá da autora. Vamos acabar por conhecer também a irmã adorável (e esperta, diga-se de passagem) do Souichi, a senhora maternal que toma conta dela e de quem mais aparecer e o pai do nosso uke, um obcecado por insetos, mas que é muito simpático. A família dele age de forma tão espontânea, querida e divertida que rende alguns dos melhores momentos, e sem ela a história perderia grande parte da qualidade. 

Li um comentário que dizia (traduzi do inglês, pode não ser tradução literal, mas modifiquei o mínimo possível): "O Morinaga merece alguém que abertamente o ame de volta e Souichi merece um salário melhor e espaço suficiente para trabalhar sem ser assediado a cada 5 minutos". Durante uma boa parte do mangá, até poderia concordar com isso, pois por muito que o relacionamento deles me estivesse a deixar curiosa e estivesse bem feito, não era exatamente um relacionamento saudável, como o da resenha que fiz de Rutta to Kodama. Porém, até chegar ao final, embora o Souichi não perca a sua teimosia e não admita diretamente os seus sentimentos (estou a avisar isto para ninguém ficar com demasiadas expectativas), já não os nega, e passa a dizer coisas quase tão bonitas como declarações, pelo menos se considerarmos que é ele que as diz. Separá-los nesse ponto já não lhes faria bem, porque sentiriam demasiada dificuldade a ultrapassar a falta um do outro, e como pessoas, ambos evoluíram juntos. É por esse motivo que não aprovo as OVAs. Sei que muita gente gostou e é sempre bom ver um mangá ganhar adaptação, mas as ovas só adaptaram o começo da obra, portanto, nada de evolução, nada de sentimentos a sério, nada de ética ou de respeito, e provavelmente quem tentou dar uma oportunidade ao yaoi através delas sentiu até repulsa - para mim, adaptaram a pior parte do mangá, que foi o começo.

Só achei o final meio morno. Bem, na verdade, ele é bom, faz sentido e tem tudo o que uma fã poderia esperar num capítulo final, eu é que ainda me sinto decepcionada. Acho que este sofrimento se deve ao facto de que eu queria ver ainda tanta coisa desenrolar-se no mangá que quando li o "the end" entrei em choque. Ui, termina ali? Não vai acontecer mais NADA? NOOOOOOOOOO!!!!!!! Parece estúpido para algumas pessoas, para outras talvez pareça normal, mas eu não costumo reagir assim. Simplesmente deixei-me tragar completamente pela história, e quando o final chegou, por muito adorável que tenha sido, não me pareceu realmente um final. Os sentimentos do Tatsumi-senpai ainda teriam de amadurecer muito! Como é que a autora pode negar-nos a ver o resto do desenvolvimento da relação deles? Nem um epílogo?! Já passou mais de um ano desde o lançamento do último volume e por isso perdi completamente as esperanças de ver algo mais, mas deve ter sido das maiores pedradas que já levei.

Como um extra, aqui está uma postagem que vi sobre o artbook do anime (www).

Jaa!